quinta-feira, 16 de maio de 2013

Elas são pequenas, mas notáveis


Elas são pequenas, mas notáveis

Numa ampla sala em um prédio de Dois Córregos, interior de São Paulo, um grupo de executivos de diversos níveis hierárquicos ouve atentamente as orientações da psicóloga Alessandra Monteiro sobre avaliação de desempenho, feedback, comunicação e habilidades pessoais. O objetivo do treinamento, realizado todo ano, é reconhecer competências comportamentais e valorizar o capital humano da empresa. Engana-se, porém, quem pensa que esse ambiente retrata a política de RH de uma grande corporação. A Zanzini Móveis, com 400 funcionários, é um bom exemplo de média empresa que adota iniciativas inovadoras em termos de gestão de pessoas.

Tradicional na região onde atua, a empresa foi a primeira colocada na lista de 2012 da Great Place to Work (GPTW), que todo ano pesquisa os melhores lugares para se trabalhar no Brasil. O resultado revela uma tendência: pequenas e médias investem cada vez mais em políticas de RH. “Entre os destaques da lista é possível verificar que ter um RH estratégico e criativo não é algo restrito apenas para as grandes”, afirma Ellen Almeida, consultora e analista da GPTW. Exemplos não faltam, mas, independente das políticas adotadas por essas companhias, um ponto em comum persiste: a valorização do funcionário.

Desde a sua origem, na década de 60, e antes mesmo de se consolidar no mercado, a Zanzini investe fortemente em recursos humanos. “Para nós a empresa é uma grande família, por isso damos importância às pessoas”, diz Paulo Fernando Fuzer Grael, coordenador de Sistema de Gestão da moveleira. Pioneira entre as pequenas, a Zanzini acredita ser uma tendência o aumento da preocupação com a área de RH. “As mudanças do cenário econômico alteraram as relações produtivas e financeiras do País, afetando também o ambiente de negócios e impondo um duro desafio para as pequenas e médias se manterem competitivas”, afirma. Nesse cenário, o RH, avalia, deve ganhar novo status. “Os principais atributos para que as empresas estejam preparadas para estas transformações é a busca constante pela eficiência e inovação, por isso, a gestão de pessoas é de extrema relevância”, diz.

Foco no colaborador

Com 156 funcionários, sede em Franca e lojas espalhadas por diversos estados brasileiros, o Consórcio Luiza também tem se mostrado atento à gestão de pessoal. “Acreditamos na força do capital humano, pois é por meio das pessoas que conseguiremos atingir nossos objetivos, por isso, incentivamos a equipe, oferecendo possibilidades de crescimento e oportunidades de desenvolvimento e capacitação”, afirma Andresa Carla Ferreira, gerente de Gestão de Pessoas. Ela explica que é essencial inspirar os colaboradores, pois são eles os responsáveis por levar aos clientes o bom atendimento, credibilidade, confiança e alegria.

Para Andresa, desenvolver um trabalho de RH em uma empresa de médio porte permite realizar iniciativas focadas às necessidades individuais de cada colaborador ou equipe. “É mais fácil implantar ações direcionadas e assertivas que permitam crescimento e desenvolvimento das pessoas, além de, consequentemente, melhores resultados”, afirma a gerente. Segundo ela, quanto menor é a empresa, maior é a possibilidade de trabalhar projetos específicos.

Dividindo o mesmo posicionamento está o Moinho Globo, de Sertanópolis, norte do Paraná. Especializada em produzir farinha de trigo e outros derivados do cereal, a empresa é composta por empregados que foram promovidos e que passaram por diversos setores e níveis hierárquicos internamente. “O pessoal do RH, além de ser qualificado para o trabalho, já passou pela experiência que outros colaboradores vivenciam hoje, o que facilita muito a compreensão do que a área deve fazer”, diz Mario Trentini, gestor de Recursos Humanos. Até mesmo o diretor presidente, Giancarlo Venturelli, já trabalhou no chão de fábrica do Moinho Globo. “Na diretoria, ele tem a mesma facilidade de compreensão sobre o que ocorre com os empregados na indústria”, diz Trentini.

O cuidado com o empregado se estende para além dos muros da empresa. O Moinho Globo está construindo 141 moradias em um condomínio para serem vendidos a preço de custos aos funcionários. “O financiamento já foi autorizado pela Caixa, por meio de convênio com a associação de funcionários”, afirma. As casas devem ser concluídas em meados de 2013. “Médias e pequenas empresas são diferentes das grandes principalmente no que se diz respeito à comunicação e ao fato de conhecerem a fundo os colaboradores, o que permite ao RH estabelecer políticas mais diretas aos anseios dos funcionários”, diz.

Bons exemplos

As políticas de RH adotadas por Zanzini, Consórcio Luiza e Moinho Globo mostram peculiaridades típicas de pequenas e médias empresas. Inseridas em ambientes com menor hierarquia e ao mesmo tempo sem o peso de grandes nomes corporativos, essas companhias contam com o RH para se diferenciar de concorrentes, aumentar a produtividade e também para reter talentos. “Ser criativo e implementar práticas abrangentes que desenvolvam relações de confiança entre as pessoas, em especial, entre líderes e funcionários, é possível. Essa é uma estratégia que traz bons resultados para essas companhias”, afirma Ellen Almeida, da GPTW. 

Ela explica que não é preciso inovar além do convencional para ter bons resultados. “O mais importante para gerar engajamento entre os colaboradores é a comunicação. É relevante saber o que o funcionário pensa e o que precisa”, diz a consultora do GPTW. Demonstrar agradecimento e reconhecimento, além de compartilhar os bons resultados também são essenciais. 

Ricardo Barbosa, diretor executivo da Innovia Training & Consulting, destaca que, para as pequenas e médias, políticas de RH criativas são importantes para reter talentos. "Com um faturamento menor e uma marca não tão forte no mercado, alguns colaboradores podem optar por salários maiores e por planos de carreira em uma empresa de grande porte, dificultando a retenção de mão de obra", diz. Nesse sentido, ter um RH estratégico é fundamental.

Fonte:  Fabiano Lopes

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