É Possível Gerar Cortes Sem Dor – A
Criatividade a Serviço da Redução de Custos
Redução
de custos é tarefa delicada. Costuma ser negligenciada até que soe algum
alarme, que pode ser sob a forma de crise interna ou externa, redução dos
preços da concorrência ou mera tomada de consciência.
Cortar
despesas em clima de emergência pode ser um tiro no pé. Sem planejamento, a
tendência é apelar para imediatismos contábeis, ou seja, realizar cortes no que
está visível, correndo-se o risco de abandonar projetos, demitir pessoas vitais
para a empresa e/ou arrasar a moral dos funcionários.
Como
especialista em criatividade e inovação, percebo que a redução de custos pode e
deve ser realizada de forma criativa, beneficiando assim as empresas não só com
o corte das despesas, mas também com melhorias e ações de sustentabilidade e
com o aprendizado e aplicação da criatividade, que passará a ter outros usos.
Mais
ainda, a redução de custos é uma grande aliada das inovações, já que provoca um
pensamento diferenciado. Uma tendência no primeiro mundo é a Inovação
Reversa – termo cunhado pelo autor indiano Vijay Govindarajan e adotado por
Jeff Immelt, CEO da General Electric, que nada mais é do que a busca por ideias
desenvolvidas em países emergentes que reduzem custos. Influenciada por esse
conceito, a contenção de despesas deixa de envolver cortes e perdas, para
buscar ganhos em praticidade, sustentabilidade e simplicidade.
E como
isso é possível? Com base em minha experiência, criei um modelo que compartilho
agora:
TUDO
COMEÇA COM UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO DA EMPRESA: porte, infra-estrutura, pessoas-chave. A
partir daí, proponho uma etapa inicial na qual a empresa define quais despesas
são investimentos, custos fixos, desperdícios ou supérfluos. Nesta fase, há um
processo de reflexão específico para cada categoria. Por exemplo, entre os
investimentos há os que podem ou não ser adiados, mas cada um deles merece uma
avaliação das consequências desse adiamento ou abandono. Entre os custos fixos
os envolvidos encontram grandes oportunidades de cortes indolores pois, por
serem fixos, eles não costumam ser questionados com frequência. Desperdícios,
esses sim, devem ser eliminados, mas e os supérfluos? Será que eles, muitas
vezes mimos oferecidos aos colaboradores, não trazem embutidos benefícios
intangíveis, mas fundamentais para a moral e cultura da empresa?
Essa primeira fase envolve a cúpula e
algumas pessoas-chave na organização, e define COMITÊS OU ÁREAS ESPECÍFICAS para estudar as mudanças. Os estudos
vão desde economia em produtos e serviços (telefonia, por exemplo),
possibilidades de negociações , reengenharias, mas podem também gerar formas
diferenciadas de fazer marketing, por exemplo.
NOS
COMITÊS: proponho a análise das consequências de cada tipo de mudança,
e a geração de alternativas para evitar perdas. Lanço questões típicas dos
processos de criatividade, tais como “De quais maneiras podemos obter
resultados iguais ou melhores fazendo de outra forma?”, ”Quais são as
alternativas para…?”. É um trabalho que pode iniciar com certa incredulidade,
dada a tendência humana de perceber o existente com única possibilidade, mas a
partir das primeiras ideias abrem-se novos horizontes.
CHEGA-SE
À FASE DAS MUITAS PEQUENAS IDEIAS. Essa envolve todos os
colaboradores, pois todos têm condições de perceber oportunidades para redução
de custos.
O
inimigo dessa etapa é a crença que ideias que propõem mudanças pequenas não
merecem dedicação. Entretanto, é aí que a economia de escala tem o seu lugar.
Mesmo em empresas médias e pequenas, a redução do uso de papel ou a troca de
determinados produtos ou matérias primas podem ter um impacto considerável.
Para coletar as sugestões, elaboro PROGRAMAS DE IDEIAS,
dos quais todos participam. O estímulo e o reconhecimento pelas colaborações
amplia exponencialmente o número de ideias, contagiando toda a empresa.
A
PRÓXIMA ETAPA É CONSEQUÊNCIA: estou
falando do comportamento, das boas práticas, às vezes simples como apagar
luzes. Entretanto, quando a redução de custos teve início com ações de mais
impacto, os colaboradores estão conscientizados e motivados para economizar,
já que não se sentem importunados por imposições. A mudança de
comportamento também pode ter formas de motivação e reconhecimento. Por que não
promover concursos e gincanas?
Redução
de custos não precisa ser sinônimo de sacrifício. É uma variável a mais a ser
considerada. De forma inteligente, inovadora e contínua.
Fonte: Gisela Kassoy
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