terça-feira, 30 de abril de 2013

Liderar: a arte de unir razão e sensibilidade


Liderar: a arte de unir razão e sensibilidade



 “Penso, logo existo”. Esta é uma das frases mais famosas do mundo, cunhada pelo filósofo francês René Descartes, e que gerou um grande legado para a humanidade. Desde então, o ato de pensar passou a ser entendido como uma atividade que distingue homens e animais, atribuindo ao primeiro o prestígio da razão e denegrindo comportamentos emocionais, típicos em seres irracionais e carentes de raciocínio cognitivo.
Mas será que a ideia defendida por ele estava correta? E no mundo dos negócios? Será que o racional deve prevalecer sobre o intuitivo e a imaginação?
Descartes acreditava que o bom senso, ou o pensar de forma lógica, seria um atributo presente em todos os humanos. Entretanto, com o passar dos anos e com o avanço da neurociência, esse conceito se tornou obsoleto e uma nova forma de entender as atitudes se estabeleceu.
Em sua primeira obra, denominada “O Erro de Descartes”, ainda em 1994, o conceituado neurocientista e neurocirurgião português Antonio Damasio trouxe à tona a ideia que, hoje, é tida como correta por muitos estudiosos: antes de qualquer outra coisa, somos seres emocionais que desenvolveram uma capacidade cognitiva sofisticada. O que não muda, no entanto, o fato de a cognição só emergir após a emoção, ocorrer de forma inconsciente e gerar um sentimento – este sim consciente e direcionado à razão.
O fato de a pessoa atravessar por diversos sentimentos inconscientes e, somente depois, raciocinar, deve ser levado em conta também no universo corporativo. Ao respeitar sentimentos, um líder passa a ser tratado e a tratar os subordinados como sujeitos, e não como meros objetos. Ao valorizar demasiadamente o racional e as técnicas aprendidas nos livros, ele passa a agir de acordo com o “Penso, logo existo” cartesiano, sem valorizar a subjetividade presente em cada um. Sendo assim, o lema a ser seguido por empresas e seus líderes é o “Sinto, logo penso”, defendido por Henry Mintzberg e Baruch Spinoza, além do próprio Damasio.
Muitas vezes, pressionadas pela necessidade de colher resultados tangíveis, bater metas e gerar lucros, as companhias deixam de estimular a criatividade e a inovação, frutos, antes de qualquer coisa, do feeling de cada um. Quanto mais se expande a busca por ideias novas e temáticas distintas, mais repertório é obtido para elaborar respostas inteligentes aos desafios impostos.
Fica claro que o famoso “pensar fora da caixa” não pode ser atingido por quem se limita a resolver problemas técnicos e tarefas do dia a dia. A tão almejada criatividade está e sempre estará ligada à intuição e aos sentimentos na solução de problemas. Afinal, são os indivíduos que constroem as empresas e o mundo.
Fonte: Moisés Fly Sznifer*
(*) É professor dos programas de mestrado e doutorado da FGV e professor da UC Berkeley, nos Estados Unidos.

http://www.facebook.com/pages/FCOV-Assessoria-Consultoria-em-Recursos-Humanos-Ltda/275515715834101

Nenhum comentário:

Postar um comentário