segunda-feira, 18 de março de 2013

Fraudes Criam Demanda Por Profissionais Especializado

Fraudes e desvios de conduta no mundo corporativo são assuntos recorrentes. Seja por falta de controle, vazamento de informações, falhas no sistema ou segmentação de funções, nenhuma empresa está imune a golpes. Pesquisa realizada pela KPMG Forensic com mais de mil executivos da alta administração de diversos segmentos revelou que 70% dos entrevistados sofreram fraude em sua companhia nos dois anos anteriores à pesquisa, realizada em 2008. Desses, 68% não obteve êxito na recuperação dos valores envolvidos nos atos fraudulentos.

A boa notícia é que as empresas estão intensificando as ações de combate às práticas ilegais, o que vem estimulando a demanda por formação de profissionais especializados na detecção e combate a fraudes. A Fundação Instituto de Administração (FIA), em parceria com a PricewaterhouseCoopers (PwC), por exemplo, realiza em São Paulo um curso de pós-graduação em Análise, Prevenção, Detecção e Riscos de Fraudes Empresariais. Pioneiro no País, ele foi uma resposta a uma demanda de mercado.

“Algumas empresas do setor financeiro, de seguros e bancos solicitaram a formação, que já conta também com alunos ligados à indústria”, afirma o coordenador geral do curso, Fernando Almeida. Ele diz que muitos estudantes já atuam na área, sendo a maioria advogados e auditores a procura de uma formação específica. Outro fator que motiva a busca pela especialização é o aumento no número das fraudes, conforme aponta o gerente sênior da PwC, Fernando Cevallos.

A maior inserção do Brasil no cenário econômico mundial também estimula o fortalecimento do combate à corrupção. De acordo com o sócio-líder da área de Forensic da KPMG no Brasil, Humberto Salicetti, com a crise vivida recentemente pelos bancos nos Estados Unidos as leis contra a corrupção ganharam reforço, o que favoreceu a melhoria dos processos empresariais. “A legislação brasileira segue o mesmo caminho, o País tem assinado todos os acordos mundiais sobre o tema; entretanto, apresenta problemas na aplicação das normas”, aponta.

Foi essa necessidade de concorrer em um mundo globalizado, com leis mais rígidas, que favoreceu a demanda pelo combate às fraudes. “Muitas empresas brasileiras estão se globalizando, e por isso estão adotando melhores práticas de governança para enfrentar as exigências lá de fora, que são maiores que aqui”, acrescenta. Salicetti lembra ainda que esse é um fenômeno mundial. “Nos últimos cinco anos pudemos observar em empresas de todo o mundo a tendência de melhora na governança e a busca por maior transparência nos processos”.

Presente em todos os campos de atuação, o consultor elegeu entre os setores mais vulneráveis às fraudes os que, além de apresentar um grande volume de transações e investimentos, como varejo e telecomunicações, atuam em parceria com outras empresas ou participam de licitações, como os segmentos de infraestrutura e energia, e, portanto, “estão sujeitos à manipulação e influência”. Mas, independentemente do setor, ele afirma que, para controlar as fraudes, “as empresas devem adotar ferramentas e controles específicos, além de dar espaço aos funcionários para que possam denunciar possíveis fraudes no ambiente de trabalho”.

Atenta às dicas, a Archer-Daniels-Midland Company (ADM), que possui 31 mil colaboradores em mais de 60 países e atua no processamento de grãos, não precisou de uma questão pontual para perceber a necessidade de investir em transparência. Além de investir em ferramentas de controle e monitoramento dos procedimentos – método adotado por 72% das empresas, segundo pesquisa KPMG – e canais de comunicação e denúncia – utilizados por 70% das corporações – há crescimento da aposta no capital humano. “Ter um programa robusto de compliance irá certamente ajudar a empresa a atingir bons resultados”, acredita Fernando Palma, diretor da ADM e responsável na América do Sul pelo Programa Global de Combate à Corrupção da multinacional.
Fonte: Ana Paula Pavanello e Fabiano Lopes

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